Arquitetura: quatro projetos detalhados e verdadeiramente únicos considerando localização e visitantes
Moshe Safdie é um arquiteto único que conseguiu colocar em suas construções a regra da beleza como forma de adequação. Todos os seus projetos estão marcados pela sensibilidade do local e temática para os visitantes.

A beleza dos projetos de Moshe Safdie
Podemos conhecer a cultura de um país ou de um local pelo seu estilo arquitetônico. Além de ser um espaço fechado para abrigar pessoas, cada construção tem sua própria mentalidade.
Mas com a globalização a tendência de projetos escalonados aumentou e os famosos prédios arranha-céus com seus cortes retos já compõem o cenário das principais capitais do mundo.
Para fugir do padrão de edifícios em série, o arquiteto Moshe Safdie desenvolveu projetos minuciosos e verdadeiramente únicos tanto para sua localização como para seus visitantes.
Todos os seus projetos são resumidos como uma busca pela beleza com o perfeito cumprimento do propósito. A beleza aqui é apresentada como forma de adequação que se encontra na busca pela verdade.
Museu de ciência
Em Wichita, Kansas, Safdie projetou um museu de ciência no centro da cidade e bem próximo do rio.
O arquiteto logo percebeu que o segredo do edifício era estar em combinação com a parte do rio, mas para isso era preciso desviar a rota da Av. MacLean´S Bou que separava o terreno.
Após uma batalha de seis meses para conseguir o desvio da avenida foi a vez de enfrentar as resistências ao seu ousado projeto: separar o canal e transformar o prédio em uma ilha.
Faltava ainda dar um estilo ao prédio arquitetônico que representasse o mundo da ciência e a ideia de Safdie foi utilizar a geometria causal toroidal.
É claro que o projeto acabou superando o orçamento em 4 milhões de dólares, mas todos ficaram fascinados com a obra prima única.
Museu do holocausto
Em 1976, Safdie foi convidado para construir um museu em memória das crianças do holocausto em Yad Vashem, Jerusalém.
A criatividade deste projeto não era fácil, pois envolvia todo um passado escuro marcado pelo sofrimento.
Ao invés de optar por um prédio clássico, o arquiteto decidiu escolher uma caverna que havia no local e fazer um túnel de acesso pelo morro.
A câmara subterrânea escolhida para ser o museu se iniciava uma apresentação das imagens das crianças vítimas do holocausto.
Em seguida, o visitante entra em uma sala com uma única vela cintilando por todo ambiente através de vidros reflexivos ao mesmo tempo que ouve uma voz narrando os dados das crianças assassinadas.
A saída é direcionada pela luz externa que indica o fim da caverna e termina com a vida do panorama externo.
O simbolismo do museu projetado por Safdie não foi aceito e nem compreendido, sendo engavetado por 10 anos até que Ed Spiegel, de Los Angeles, que perdeu um filho de três anos em Auschwitz, pagou toda a construção.
Museu do sikhismo
A memória do museu das crianças do holocausto comoveu o Ministro Chefe Badal de Punjab por ocasião de sua visita em 1998 e daí surgiu o convite para a construção do museu nacional da história do sikhismo em Anandpur Sahib, Índia.
O local é marcado também pelo sofrimento e religiosidade do povo Sikh, sendo que na região já existe outros edifícios simbólicos desta história.
Safdie escolheu um morro perto de centro para construir o museu dividido em duas partes, um lado com as exibições permanentes e o outro com o auditório.
A ideia inovadora veio também com uma série de jardins aquáticos que rodeiam o museu e se conectam com o centro histórico da cidade, bem como pelo reflexo das luzes que batem nas paredes do edifício de concreto e arenito.
O projeto foi tão cativante que os indianos construíram uma enorme maquete do museu e deixaram em exposição durante a construção do edifício.
Novo museu do holocausto
Outro projeto de destaque de Safdie foi novamente em Yad Vashem, onde os judeus pediram a reconstrução do museu das crianças tendo vista o novo museu do holocausto criado em Washington.
Para ficar um prédio de dimensões maiores o arquiteto projetou uma entrada pelo um lado da montanha e saída pelo outro.
Todas as galerias são subterrâneas e terminam em direção ao norte com uma abertura com duas folhas abertas que dão visão para Jerusalém.